quarta-feira, 25 de março de 2009

Sobre cachorros e calçadas!

Esses dias eu fiz um propósito bombástico, prometi e estipulei um ponto em minha vida no qual a partir dele eu viveria todas as emoções e prazeres tal como fez Salomão... Não privaria minha alma de nenhum deles... Já decidi e estarei fazendo isso, provando as maravilhas sensoriais de maneira mais torrencial possível.
Hoje eu decidi, ficar sentado na frente de casa aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada! E você me pergunta: Por que meu filho? E eu te respondo: Por que sim oras!




Decidi que não preciso mais de um motivo para fazer as coisas, ou melhor, é sim muito bom fazer as coisas com motivos esclarecidos e alvos objetivos, mas para algumas das melhores coisas da vida não é necessário um motivo... Como ficar sentado na frente de casa aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada, mas infelizmente nós seres humanos precisamos de motivos, pois encaramos a vida como uma meta e pra se atingir essa meta necessitamos de várias outras pequenas metas de modo que somos como um cachorro que persegue um carro em transito, mas quando o carro para, ele geralmente nem sabe o que fazer, como diria o Chaves é a “síndrome do cão arrependido”.




Sabe para todos os meus amigos eu falo que o meu sonho é ter uma casa de varanda, não gosto de sobrado, mas pago pau para uma casa de varanda, eu gostaria muito de ter uma para quando ficar velho colocar cadeira e ficar sentado pra ver a banda passar, mas por que eu preciso ficar velho para ficar sentado na frente de casa? Pela simples razão de se ter um motivo para ficar sentado na frente de casa aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada, do mesmo jeito que encontramos a necessidade de se ter motivos para ser feliz, precisamos disso, esse raio de motivo... Seria tão mais interessante comemorar sem motivo nenhum, dar uma volta na praça sem ter o porquê, comprar um bolo de aniversário pra mim mesmo fora de época ou mesmo apenas sentar na frente de casa aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada.



Seria o máximo se eu conseguisse viver assim como Elias, Isaias, João Batista, Jesus e tantos outros cuja vida não era um conjunto de metas, mas era apenas uma vida, peregrina vida que ofuscava a escuridão onde quer que passava pelo simples e suficiente fato de passar por ela, onde Elias sem ter o que comer simplesmente pede e faz um milagre na vida da viúva, onde Jesus interrompido pelo caminho por uma mulher com fluxo de sangue exala virtude e coloca ela na história universal, pessoas que não se perguntavam o “porquê” das coisas, simplesmente viviam. E o que dizer de Isaias que simplesmente pregou 3 anos e meio pelado, e não me consta que ele tenha feito uma campanha de setes sexta feiras pra ver se realmente vinha do coração de Deus essa idéia, apenas um dia pegou e foi. Isaias 20.2b mostra que Isaias andou pelado por 3 anos vivendo da maneira que ele vivia mesmo, e Deus usou isso como um sinal sobre algo que ele queria fazer.




A vida cristã deveria ser assim, pois Jesus é o Caminho, não é um parque de diversões ou um circo em que se sorri o tempo todo, nem um velório para se adotar a tristeza de modo cârmico, e o Caminho nem é um lugar mas sim um Caminho, algo que cresce e vai indo, que se descobre e vai indo, que vai pensando e vai indo, de maneira peregrina, de maneira andarilha, onde nem compensava se ter uma casa.
A vida com Jesus era na realidade o maior sonho de Raul Seixas a “metamorfose ambulante”, ele seria um dos maiores apreciadores dessa verdade se não tivessem avacalhado as palavras do Mestre Jesus e corrompido todas as suas pérolas e o fazendo um símbolo de uma chatice dominical. Jesus é isso ou também não é, ele é a metamorfose que age em mim, que me curou de todo pecado e ainda me cura até mesmo daqueles que ainda acho que são virtudes, mas que o Caminho há de tirar de mim pelo simples fato de estar andando Nele.





Entao esse meu tempo sentado aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada, me fez ver isso, na hora uma amiga me ligou e eu falei onde estava e ela me perguntou se havia acontecido algo, se eu estava bem, que era melhor eu entrar para não ficar resfriado, outro amigo perguntou se eu estava amargurado, mas eles não sabem que não se precisa ter motivos para se ficar aproveitando a brisa de uma noite fresca na calçada, se bem que eu não estava tão sozinho tinha um cachorro comigo, nem sei o nome dele eu apelidei ele de “Margura”, ele estava me fazendo sala e olhando agradecido pela companhia, acho que ele gostou do amigo dele, com a vantagem de que nem precisou perguntar o porquê de eu estar sentado lá, ele também não sabe o porquê ele estava, mas acho que ele é bem mais feliz assim...mesmo sem motivos pra ser feliz!



Feliz é aquele que acha um Caminho para ser feliz, sem pontes!